Dia internacional da mulher – Marie Curie

Muitas são as mulheres que deram sua colaboração à ciência em tempos que delas se esperavam apenas que fossem boas mães e cuidassem de seus filhos e maridos. Bordar e ir a eventos sociais era o máximo que muitas podiam almejar. Em alguns lugares e épocas, eram tidas até como criaturas inferiores, como em Atenas, na Idade do Ouro, onde eram consideradas superiores somente aos animais domésticos e, por isso, não tinham nenhum direito humano.

Apesar de toda essa adversidade a que tinham de submeter-se, muitas mulheres conseguiram sobressair-se e são, até hoje, admiradas por sua persistência e inteligência. Esse é o caso da cientista Marie Curie.

Embora tivesse ganho o Prêmio Nobel (e pouco tempo depois passasse a ser a única pessoa a ganhar duas vezes), Marie Curie (1867-1934) teve negada sua entrada como membro da Academia Francesa de Ciências simplesmente por ser mulher.

Marie Curie ganhou o Prêmio Nobel de Física em 1903 (dividido com seu marido, Pierre Curie, e Becquerel), pelas suas descobertas no campo da radioatividade e o Nobel de Química de 1911, pela descoberta dos elementos químicos Rádio e Polônio2 .

Seu nome de solteira era Maria Sklodowska, nasceu em Varsóvia, na Polônia. (Daí o nome do elemento químico polônio). Educou-se em pequenas escolas da região, obtendo um nível básico de formação científica com seu pai, Władysław Skłodowski, que era professor de física e matemática e havia levado instrumentos de laboratório para casa após autoridades russas proibirem este ensino em escolas polonesas. Sua mãe, que era católica, faleceu de tuberculose quando ela tinha doze anos e a irmã mais velha dois anos depois, de tifo, o que a influenciou a abandonar o catolicismo e se tornar agnóstica.

Impedida de prosseguir com a sua educação de nível superior devido ao fato de ser mulher, ela e a irmã Bronisława envolveram-se em uma instituição de ensino clandestina com um currículo pró-Polônia que desafiava as autoridades russas e admitia mulheres.

Ela continuou na Polônia trabalhando como governanta e, posteriormente, como professora particular para poder financiar os estudos de medicina de sua irmã, em Paris. Nessa ocasião, apaixonou-se pelo matemático Kazimierz Żorawski, mas foi rejeitada pela família do moço por causa da sua condição social. Dizem que, mesmo depois de se tornar reitor da Universidade de Varsóvia, ele gostava de ficar admirando a estátua de Marie, no Instituto Rádio, que ela ajudou a fundar.

Marie mudou-se para Paris em 1891 e foi  morar com sua irmã e o cunhado antes de alugar um sótão. Na época, sobrevivia com poucos recursos chegando até a desmaiar devido à fome.

Em 1883 e 1894, Marie obtém o grau de bacharel em física e matemática pela universidade de Sourbonne, em Paris, tornando-se, depois, a primeira mulher a lecionar nessa universidade.

Casou-se em 1895 com Pierre Curie, professor de Física, tendo, então, adotado o nome de Marie Curie (O elemento 96 da tabela periódica, o cúrio, símbolo Cm foi batizado em honra do Casal Curie).

Em 1903, Marie finalmente defende sua tese e obtém o título de doutora pela Sourbonne tornando-se a primeira mulher a receber o título nessa universidade.

Ela foi incentivada pelo físico francês Henri Becquerel a estudar as radiações, por ele descobertas, emitidas pelos sais de urânio. Com Pierre Curie e Antoine Henri Becquerel, Marie recebeu o Nobel de Física de 1903, “em reconhecimento aos extraordinários resultados obtidos por suas investigações conjuntas sobre os fenômenos da radiação, descoberta por Becquerel”. Foi a primeira mulher a receber tal prêmio.

Oito anos depois, recebeu o Nobel de Química de 1911, “em reconhecimento pelos seus serviços para o avanço da química, com o descobrimento dos elementos rádio e polônio, o isolamento do rádio e o estudo da natureza dos compostos deste elemento”. 

Com uma atitude generosa, não patenteou o processo de isolamento do rádio, permitindo a investigação das propriedades desse elemento por toda a comunidade científica. Por esse fato estava cotada para ganhar o Nobel da Paz, mas não foi aceita simplesmente por não ser católica (fato não confirmado).

Visitou também o Brasil, atraída pela fama das águas radioativas de Lindóia.

Marie Curie morreu perto de Salanches, França, em 1934, de leucemia, devido à exposição às radiações durante o seu trabalho. Sua filha mais velha, Irène Joliot-Curie, recebeu o Nobel de Química de 1935, ano seguinte à sua morte. 

Marie Curie na V Conferência de Solvay – 1927, ao lado de figuras ilustres como Albert Einstein.

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